Sejam bem-vindos ao outro lado do espelho, onde tudo pode acontecer (e acontece).

Wonderlando é um blog sobre textos diversos, descobrimentos e crescimento. A filosofia gira em torno do acaso, misturando fantasia e realidade de dois amigos que se conheceram também por acaso, Alice - que tem um país só seu -, e Yuri - chapeleiro e maluco nas horas vagas.

Leia, comente e volte sempre... Ou faça como a gente e não saia nunca mais.

27 de abril de 2010

Gole de Pernas [+18]



Leu os meus borrões e pôs as mãos ao trabalho. Passeou pelo corpo, apertou os próprios seios pequenos e maduros enquanto se admirava no reflexo da janela. Mordeu o lábio inferior e cravou os dedos na púbis, deixando-os se perderem no meio dos poucos pelos.

Do outro lado da cidade, o observador a via na janela. Bebericava uma taça de vinho enquanto tentava entrar dentro dela. Fazendo força para caber, deixando cair o líquido, manchando a camisa e o tapete do quarto sem pudor. Uma mão primeiro, força e logo está o braço inteiro. Mais um pouco e logo entra a cabeça e então o corpo deslizará naturalmente pra dentro.

O reflexo dela fugiu pela janela semi-aberta enquanto os vizinhos assistiam a tudo, estáticos, literalmente paralisados. Ele conseguiu entrar na taça e se afogar goela abaixo, febril em prazeres.

“A sede atroz que me faz louco
Quem a pudera amortecer
Só o vinho que pode caber
Na sua tumba e não é pouco”

Embevecida alma que vem satisfazer luxúrias, aqueça-se no veludo do vinho e no corpo de seu voyeur. O espírito-reflexo da janela então segurou firme seu pau enrijecido e começou a fazer leves movimentos pra cima e pra baixo enquanto ele estava deitado no ar das dúvidas gravitacionais. Ela acaricia a cabeça do pênis passeando por todo seu rosto até encontrar a caçapa de sua boca. Afundou o membro até o fundo da garganta, sentindo o cheiro masculino dos pelos negros de seu amante.

Cambaleando de bêbado e de gozo, dominou seus cabelos e a puxou para um beijo. Enfiou a língua com violência e pode sentir o gosto de seu próprio prazer. Lambeu seus lábios e disse olhando em seus olhos para que ficasse de quatro. Ela deu um sorriso torto, de canto de boca, molhou o pau de seu voyeur com sua boca quente e posicionou-se como uma bela fêmea. Ele então abriu mais ainda sua bunda com as duas mãos, se agachou e começou a lamber aquela boceta encharcada. Mordeu os grandes lábios, chupou os pequenos, enfiou a língua até o fundo e, enquanto lambia freneticamente o clitóris e o ânus, colocou um dedo na caverna molhada, dois, esfregando o ponto áspero, a deixando indefesa. Sentiu sua essência da melhor forma possível e assim, enfiou seu pau com força até o talo naquele oásis.

Conforme enfiava, ela gemia, gritava, pedia para apanhar, empinava ainda mais seu corpo; ele grunia, suava, batia e sentia a carne friccionar uma na outra. Ela pedia mais enquanto ia se curvando pra frente, estremecendo e falhando o corpo, tentando se segurar. Ele enfiava cada vez mais forte e imaginou se ela não poderia ser infinita como aquela taça de vinho. Ela cede e cai pra frente, mergulhando num lago de prazeres.

Ele a segue e os dois vão parar embaixo d’água, flutuando, se tocando e se observando. Se abraçam e se olham por alguns segundos seus corpos rubis cheios de bolinhas de ar e peixes ao redor. Ela nada como sereia rumo ao Sol, até a superfície. Ele novamente a domina, segurando-a pelo pescoço contra a praia. Ela o puxa para seu corpo, o abraça, ergue as pernas aos ares e fica roçando no pau dele até deslizar pra dentro de sua boceta apertada. Enquanto isso ele esfrega a barba em seu pescoço e chupa seus seios duros de tesão. Enfiando bem devagar, sentindo toda a acidez de sua vagina engolindo seu pau enquanto ela arranha suas costas e bate em sua cara, enverga a cabeça pra trás e se entrega. Ela afunda na areia e desaparece, deixando somente o homem na cena, perdido e sujo de vidros e conchas moídos no meio daquela praia.

“No espaço é o brilho das auroras!
Vamos sem rédea, freio ou esporas,
Vamos, cavalo sobre o vinho
Para um céu feérico e divino!”

O chão começa a tremer e ela emerge em cima de um cavalo branco, dominando outros cavalos brancos, que também saem debaixo da terra. Domina seu homem. Ele vai até ela e pula no lombo do eqüino. A abraça por trás sentindo a confiança de seu corpo, começa a masturbá-la enquanto cavalgam. O espírito-reflexo se vira e sobe em cima de seu voyeur, monta nele que monta o cavalo. Rebola e sente todo seu pau dentro dela, almejando o gozo de sua forma como solução para as dores da vida. Ele a abraçava, lambia seu suor, sentia o cheiro e seus batimentos rápidos em diacronia com o ritmo de seu corpo.

Os cavalos cavalgam cada vez mais rápido. Ela cavalga cada vez mais rápido. Ele geme cada vez mais alto e a aperta cada vez mais forte. Mais rápido, pra frente e pra trás, pra cima e pra baixo. Eles fazem música com a sincronia harmoniosa de seus movimentos. Ela então para, estremece e seu prazer ecoa pelo infinito. Os líquidos se misturam, fazendo uma nascente pura. O cavalo não agüenta e cai, derrubando os dois, ainda grudados, no chão.

Os dois caídos nus no deserto de terra batida, com os pulmões se esforçando para retomar o fôlego. É fim de tarde, o silêncio domina quando o galopar dos outros cavalos desaparecem. A mulher espírito-reflexo fica em pé encarando seu homem inerte, quase derrotado. Anda calmamente em sua direção, abre sua boca com um beijo e ele então retoma a virilidade, retorna à vida. O beija bem devagar, sentindo o gosto de sua boca, o conhecendo. Entra em sua boca cada vez mais, ela vai virando névoa e escorregando pra dentro dele como um trago de fumaça. Então Voyeur pode sentir ela por todo seu corpo, andando nele, conhecendo-o internamente. Ele então se contorce e sente vindo da ponta dos pés e das mãos, da cabeça e da nuca, do estômago, uma energia que se canaliza em seu pau. Ela sai pela sua uretra e ele goza incessantemente por alguns segundos como um animal atingido por um bote, lutando pela sua vida enquanto sua dama se mistura ao ar.

Ele volta a sã consciência e está na sala, a observando gozar por aquela janela distante. Ele a ouve gemer, ouve seu desespero de sexo, de dor e prazer. A cidade inteira consegue escutar. Ele com a taça na mão observa o líquido que não é mais vinho, mas sim o fluído das pernas dela. Bebeu tudo num só gole.

-------

Fazendo parte da série que começou com o I Have the Map of the Piano. Encerra no próximo texto, chamado 28.

19 de abril de 2010

Taking these broken wings and learning to fly

É horrível sentir que se deve ao passado. É uma dívida que não se pode nunca pagar, uma dívida eterna, que me tem sido sempre lembrada e cobrada por você. Isso porque quem de fato deve algo é você. Me deve tanto... mas tanto. Porém, eu já havia feito minhas pazes com isso. Seria uma ferida constante, mas que me ensinou onde não colocar o dedo pra não me machucar. Então tudo bem. Não, seria tudo bem se ficasse por isso. Se seu arrependimento bastasse pra manter essa minha visão, se seu carinho por mim bastasse para eu saber que tudo não foi perda de tempo, se sua preocupação comigo bastasse para eu saber que não fui uma idiota. Mas seu arrependimento, seu carinho e sua preocupação são pesados julgamentos sobre quem eu sou agora, quem é essa Alice, cuja vida você não acompanha mais. E sente-se no direito de reclamar, de se chatear, de criticar uma Alice que você dispensou. Eu fico tão magoada por ouvir suas insanidades que não fazem sentido algum para mim. Mas acho que está claro que são tentativas de não me soltar. Sendo que tudo o que você quer são memórias e isso você já tem. Não posso te dar mais nada do que pede, ou você aceita o que eu dou ou me deixe sozinha, sem cobranças.

Se sou seu passarinho, sabe que odeio gaiolas. Não me protegerá assim. Seu momento de proteção já foi e você falhou. Se me deixou ir num dia chuvoso, me deixe ir quando está sol para mim. É justo comigo, não acha?

14 de abril de 2010

I Have the Map of the Piano


Passeio pelo deserto de sua pele carente. Quente, encosto meu ouvido e ouço o sangue correr pelos rios de suas veias. Até chegar no coração que é meu lugar. Seus olhos fechados vão de um lado para outro. Um sonho... sonhar.

Sou eu divagando desenhando letras nas paredes. Ela faz parte do conjunto, então sede o corpo esguio e esculpido de beleza. Escrevo sem razão em suas costas, deixo dominar o que meu peito insiste no grito:

Em ti, pele e pêlo.
Por ti, faço o meu zelo
Amor
O teu
Quero tê-lo

Fotos registram e capturam o momento de seu corpo, pego desavisado, revelando uma forma feminina que eu desconhecia. Então vejo de verdade. Para mim, esse é o conceito da beleza. É preciso a sensibilidade de artista para entender uma mulher. Para conhecer seus traços e amá-los por serem o que são. É preciso saber fragmentar e sentir com todos os sentidos. Tudo se aflora quando ela está perto de mim.

Perpétua, assim te chamaria se não tivesse nome. O teu corpo é meu mapa para a paz e esperança. Suas costelas são teclas de piano, que eu toco devagar, pensando que se pudesse cantar, sopraria poesia em seus ouvidos. Só para vê-la acordar, ver seu sorriso alegando felicidade. Em seus olhos, a partitura de nossa canção.

Teu corpo é clássico, sua alma, erudita. Neles sou maestro e faço orquestra. Vladimir Horowitz sentiria inveja de mim.









----

Não percam os próximos posts: Gole de Pernas e 28.

13 de abril de 2010

Acromático


Acordo com Frédéric Chopin tocando piano ao meu lado.
Tudo está preto e branco como a visão acromática dos cães.







Ao meu leito, apenas minha mãe chorando baixinho, cansada. Calma, eu digo. Eu estou bem.

Minha cachorra morta há alguns anos vem correndo em minha direção. Como é bom revê-la.

Saio para respirar o ar e sinto-o atravessando meu corpo, como quando nos escondemos embaixo do lençol só para sentir sua textura nos fazendo carinho, quase como ondas do mar.


Estou numa floresta de árvores secas.

Sinto o frio de outono. Um frio confortante que faz uivar as árvores e me evita a solidão.


Minha namorada surge com o ex-namorado. Eles estão de mãos dadas. Hey, ninguém me avisou nada, obrigado pela consideração. Ela está tão triste. Grito sem sucesso, meus lamentos e ofensas não chegam aos seus ouvidos.



Ela desaparece em névoa.











Me lembra as visões de Munch quando eu achava que estava enlouquecendo.

Olho para o céu preto e vejo pontinhos brancos brilhantes como cristais. Então, cores surgem indicando as constelações... Vermelho, azul, verde e rosa. Qual constelação estará escondida em nossos olhares?

Não sei todas por nome, mas as reconheço.

Volto o olhar para a atmosfera terrestre e lá estão outras dezenas de pessoas. Andando sem parar, sem destino.

Não existe mais a casa de onde eu saí, só aquela mata morta. Para onde vão? Posso ir?

Os ambientes se misturam, os fragmentos de minhas memórias agora estão por toda parte. Como cacos estilhaçados. Em minha imagem refletida, apenas um corpo sem rosto.

As roseiras secas no chão formam uma espiral até o céu. Ando por dentro dela e os espinhos são anjos implorando perdão.


Será que finalmente minha lucidez desistiu de mim?

O sangue tem cor.
Deixo ele colorir meu corpo por fora enquanto me corto com as lembranças.

Um corvo me observa perto o suficiente para que eu possa tocá-lo. Se eu encostar nele, ele estará morto, porque outros corvos sentirão a essência humana em suas penas e o matarão.

Chopin nos observa enquanto toca. As notas batem fundo dentro de mim, as vibrações das teclas confortam.

Fico pensando em todos que eu já tocara. Em todos que eu não consigo mais ver e deixei sem despedidas.

Há alguém para me salvar.

Vem em minha direção e seus passos formam vida no caminho, crescem grama, flores, pássaros cantam. A reconheço, não acredito. Me arrepio e corro em sua direção, a abraço e começo a chorar.




Um arco-íris corta a cena e tem cor. Um abismo infinito.
No céu, ele que sempre esteve lá.









De repente, tudo começa a desaparecer novamente, ficando cada vez mais escuro, comigo abandonado no breu. Não deu tempo.

A maldita música que não consigo parar de escutar.

Só lamento por não ter conseguido me despedir de ninguém. No fundo, o diabo nunca vai deixar de me olhar.


Tudo terminou acromático em mim.
Me deixando sentir um vazio por dentro.
Um vazio sem fim.


Às vezes eu fico pensando se os sonhos não são um paralelo de outra realidade, entende?

---------

legenda das fotos:

01. Mulher Chorando Frente ao Leito - Edvard Munch
02. Frédéric Chopin
03. Alexander Binder
04. Alexander Binder
05. Alexander Binder
06. Separação - Edvard Munch
07. Alexander Binder
08. A Divina Comédia
09. Man Ray
10. Alexander Binder
11. Alexander Binder

5 de abril de 2010

sem palavras.jpg





ando desenhando e fotografando ultimamente.

Nada Vai Mudar.txt

Vejo o tempo passando devagar
Divago entre pensamentos
Nada vai mudar

Não importa o que eu deseje
Está além das estrelas
Fecho os olhos só para vê-la
Respirando de novo
E voltando pra mim

O amor é um jardim
De flores mortas
E nada vai revivê-las

Não importa o que eu deseje
Está além das estrelas

Quantos somos em um único ser?
E quanto ainda podemos ser?
Nem uma tempestade de palavras
Conseguiria responder

1955180210






---------------não me sinto motivado.